segunda-feira, 20 de agosto de 2012

MORÁVIA - enciclopédia delta

Foi alienado a mim um bem imóvel do poeta
de versos e versificação ao vermelho da amora
com queda angelical no rosicler
da manhã que manca
ainda com sono pesando no olhos zarolhos
( Não, de dentro dele
de suas entranhas estranhas
não saiu a caminhar
um poeta Verlaine!
- rumo ao absinto
servido em um Café
mas do rubicundo imoral amoral da amora
moral na mora da moratória da Morávia
onde à orla do rio Morava
os Morávios falam em diversos dialetos  )

O esteta pintava quadros ingênuos

numa candura estética
que se refletia nos versos
de poemas sobre Nossa Senhora
Latinista emérito
poliglota
conhecedor de filosofia
professor de matemática
- um erudito como sói serem os poetas
que enfrentam o jângal
qual fera selvática
( O poeta é um deus silvestre
que sopra avena
- é a selva impenetrável
intrincada no obscuro úmido
intransponível
- presa ao cipoal
a cauda preênsil do primata
Outrossim é o predador
que salta no tigre de tocaia
e que ao mesmo tempo
a fim de tolerar a hipocrisia humana
amealha um vasto conhecimento universal
que os alheia e aproxima dos homens
por tolerância de anacoreta bizarro )

Homem morigerado

empertigado
cheio de manias
esgares trejeitos rictos
solteiro convicto
solene no trajar
no contato social
econômico nos vocábulos
contido
afetado
com um quê de efeminado
nos modos de megera irascível
Enfim, um ermitão de brio
em meio ao burburinho estúpido
da arraia-miúda a se proliferar
do rebotalho a chafurdar na lama
prolíferos e supérfluos
mas necessários à base da pirâmide
que sustem os nababos privilegiados
( Ele não era nenhum poeta Verlaine
a entrar e sair livre
do bar e da poesia
embriagado
na evasão do tédio
que sopra a alma
para outro flautim
de serafim chinfrin
de brim bebericando gim  )

Ele vivia na casa

a plantar e sachar
por em gaiola  aves  canoras
e conviver com uma seriema
entre árvores e arbustos
sonhando com bustos

Havia uma pérgola

onde uma parreira
dormitava em uvas
Havia um pé  de carambola
outro de pinha
uma palmeira com cocos
e uma caneleira  que envolvia a todos
com um de olhar verde

Acabei com a vinha

decepei a caneleira a golpe de machado
mas ela voltou a florescer
e então a deixei em paz pura
ao redor de suas folhas
cuja infusão proporcionava um bom chá
de delicioso aroma e sabor

Depois alienei o imóvel

e veio outro ignorante
destruir o restante do vegetal
que habitava no fundo do poeta
o restolho da ceifa
no sono da palha

Quando acabará o lastro vegetativo

que mantém o ser humano vivo
abraçado aos vaga-lumes
que já não erram pelos caminhos do céu noturno
corrigindo trevas
e aos miosótis que pintam o azul
nos olhos que descem ao rés-do-chão?!
( Quando deixará de vir-a-ser
um poeta Verlaine?! )

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

CAMBAXIRRA - taxonomia nomenclatura terminologia enciclopédia delta verbete léxico lexicografia zoologia oornitologia






No retrato há um morto e um vivo simultâneos
que paradoxalmente não é o mesmo ente
nem tampouco o mesmo ser
mas também o é
pois o ser vivo é um ente vital
gerido por alma sensível
e espírito pensante
- uma indústria silente
a transmutar energia em matéria
e vice-versa no que versa a versatilidade da vida
- um plasma plástico
maleável e inteligente ao extremo
um febricitante ser no homem viril
pelo labor do intelecto
contudo não exatamente um ser
pois no retrato falta tempo
para integrar o ser com o tempo
e o ser sem tempo
não participa da existência
nem da essência do homem
e logo é um ser e não-ser
sem vir-a-ser ou devir
expresso pela  morte

Por outro lado do paralelogramo
o morto é ente no cadáver
despojado de existência e essência
jogado à correnteza da decomposição célere
conquanto retráctil seja o retrato
em trato de sapato para pato palmípede
que faz gato-sapato com os pés com chulé
na pele de Pelé e Garrincha
- no beiral do telhado da garriça ou cambaxirra

( Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero
- quero ver
olhar a flor da laranjeira
- adorada odorata! )

No retrato se retrata dois seres
um vivo e outro morto
ao mesmo tempo
e no mesmo ser e não-ser
no número um e não-numeral zero matemáticos
( O zero é um numeral simbólico
tanto quanto o um
e os demais algarismos rabiscados )
O ser vivo existe fora do retrato
Do lado claro-escuro do retrato
o ente morto está posto
por um ato e um fato
de dois seres vivos à época :
o retratista e o retratado
os quais nadam na torrente do vir-a-ser
e na fotografia
peixes na luz
feixes cromáticos
em preto e branco de sapato
claro e escuro de Caravaggio
- tudo preto no branco
xadrez trançado nas vestimentas
tingidas pelas cores berrantes do arco-íris :
O  vivo com vestes talares alvas
de essênios posando
nas albas a lamber as faldas das montanhas
e o morto trajado com mortalha
e máscara mortuária
porquanto o retrato é retrátil
versátil no soprar do oboé
e do oboísta
- anjo que sopra por detrás das ventas do arcanjo
o vento que toca
os moinhos de vento
e as areias do tempo na ampulheta
bailarinas de Degas em pinacoteca

Ambos nos olham :
o vivo e o morto
Todavia não nos vêem
porque não têm olhos para mover os cílios
piscar para as estrelas internas aos olhos
- no céu noturno dos olhos negros
cm a lua no máximo do amarelo da madrugada orvalhada
O morto olha-não-olha
porque parado ali
para sempre emparedado no retrato
e na propriedade retráctil do retrato
- cristalizado em rochas sedimentares de luz!
que na fotografia virou pedra-pome ( púmice)
de rocha magmática
ao erigir uma ilha : o retrato
separando um Robinson Crusoe do tempo
O vivo olha sem visão retratada
refratada
porque está atuando ainda no tempo fora do retrato
que o imobilizou e prendeu em cadeias de luz
( teias de aranha branca
na lua branca ao zênite :
lua em teia de aranha branca  tecida de luz solar )
- com a poção do tempo em cronômetro de bruxo
demudado em lucíferas alvenarias
a discorrer sobre o rio do vir-a-ser
aonde passou o filósofo Heráclito de Éfeso
um grego atravessando um outro Rubicão
para ir à Roma
e ter com os romanos
- gregários no Direito
( O Direito é a  filosofia torta de Roma
evidentemente não para filósofos cínicos
grandes escarnecedores nos meandros da política
e da guerra
que é o ato magno da política
quer seja a profana ou a sagrada
movida por atos de druidas ou de reis e imperadores
- sátrapas enfim!
Os filósofos cínicos
aos quais os oponentes denominam de cães
eram de fato e em atos
homens livres
cultores do "pathos" da liberdade extremada
ainda que sob o gravame da maior escravidão externa
exercida pelo estado românico
colocando a opressão
sobre as espáduas do homem grego
em particular o filósofo cínico
que ao servilismo contrapôs vigorosamente
a filosofia do desprezo
pelo universo político-militar dos romanos
os quais representam para o filósofo cínico
os verdadeiros cães
que sempre voltam ao vômito
- que regurgitam
( referindo-se à bulimia lendária do romano! )
Inobstante, esta filosofia tortuosa e falsa
hipócrita mesmo
dos antigos donos do mundo
( os romanos na empresa das legiões )
era um jogo semiológico
para "aventar" cidadãos romanos
perfeitos escravos da lei
e do tirano em voga
Trata-se o Direito romano de uma filosofia mínima
uma pseudo-filosofia de cunho oficial
em forma de práxis ritual
tateando a ética
a qual se radica na razão
mas sobrevivendo de fato da moral
a qual provem do irracional
a "ratificar" paradoxalmente
o costume grosseiro e brutal
do homem à sarjeta
decaído na vala comum da existência
anjo desgraçado
maldito
amaldiçoado
escarnecido
( o cinismo é um filosofia menor
originária na Hélade dominada
cujo escopo é atender
albergar 
e dar dignidade interna
à sobrevivência do forte
do homem nobre
escarninho
do filósofo virtuoso ( o cínico cultuava a virtude da fortaleza
que talvez seja a única virtude de fato
sendo as demais 
meras expressões e virtuosidade desta )
cujo último bastião
era sua mente invicta
como um sol divino
em tempos de escravidão
imposta por Roma
ao homem exterior
- o indivíduo temerário
que ousa desafiar
aos porcos de Owen
sempre no poder
correlatos aos levantes
e ao ao ato do suíno
sempiterno e vitalício no comando
do zoológico humano
com seus zoólogos
sob controle doutrinário
imposto de Roma e por Roma
( este o mais lancinante imposto de Roma!
das Romas que imperam até hoje
sob sutis políticas religiosas
que são mais compreendidas pela natureza da mulher
O homem entende melhor a política profana
enquanto a mulher se esmera no conhecimento e prática
da política sacra  )
O cinismo vem na mesma esteira do estoicismo
ambas evasão e debandada
do indivíduo ferido de morte pela filosofia
O cristianismo é um cinismo popular
- uma vulgarização da filosofia dos cínicos gregos
a forma religiosa da ciência jurídica
no contexto historial de Roma antiga
e das Romas em sobreviventes
O cinismo é outrossim um retrato de um tempo
a qual  demonstra historiologicamente
que o Direito é uma mescla eclética ou uma  síntese
entre as  filosofias menores : o cinismo e o estoicismo
Só  que a filosofia não impera
antes opera no anelo pela liberdade do ser humano
em oposição ao Direito
que sendo uma filosofia oficial
não passa de fato de um conjunto de regras
marcadas pelos interesses escusos
dos  donos do estado ou da república
O Direito é uma norma de conduta totalitária
absoluta como os monarcas absolutistas
uma alienação do pensamento humano
cujo fito é coagir e oprimir o homem
- porquanto vem a ser um poder
que faz curvar o homem
então genuflexo ante o soberano
seja ele estado lei ou rei ou império
O direito e a religião
são políticas de dois estados dentro do estado
e vêm a suscitar o terceiro estado
no qual Hitler pode ressuscitar
Portanto, ao Direito não é dado sequer
ser uma das  filosofias mínimas
da magna Grécia
porque vem a tolher os atos humanos :
encarcerar
enforcar
esquartejar
decapitar o ser humano
é seu objetivo
O direito é uma forma perversa e pervertida  de anti-filosofia
cujo escopo é subtrair sorrateiramente
a liberdade do homem
e levá-lo em massa para o Jardim  Zoológico
que são todos os asilos institucionais
- uma colônia penal para todos
exceptuados os senhores no poder ) )

(  Ah! ar ! : Quero ar!
Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero ver
o que quero e muito quero
no Quero-quero
que voa a estridular o seu grito
- estribilho rascante! )

O ser vivo está no tempo
a pisotear o lagar
gravado no corpo
na anatomia e fisiologia
no aglomerado de poeira a colar o organismo
com colágeno
vinculando matéria e energia de mártir

( Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero
- quero ver!
  e ser longânimo
 tal qual um patriarca bíblico )

No morto resta o pó do tempo
enterrando-o
cobrindo-o
- No mosto o morto está em fotografia
coberto pela poeria do tempo
Seus olhos não  olham
ou olham e não vêem
estão imóveis e alijados do tempo
- sem tempo que os mova
à face das águas
reflexivas

( Quero a luz das abelhas
- à luz das abelhas
quero
- quero retratar
o Quero-quero na solitude do voo
em bando a "fretinir"
similar às cigarras a fretinir )

No retrato há duas faces do mesmo deus Jano :
um vivo e um morto
O vivo foge da prisão de luz do retrato
e aspira ao tempo-de-respirar
inspira e expira fabricando o tempo e a vida
dentro de um período
Já o morto jaz no retrato
qual um epitáfio
com uma cruz a encimar a cova rasa
plantada ao rés-do-chão
paralela à raiz vegetal
- não quadrada ou quádrupla ou quadrática
na Ática da matemática

A morte é o objeto da tragédia
- objeto abstrato ( abstruso ) :
o morto é o objeto concreto
empírico
A vida evoca a tragédia
na tradição grega
em coro de sátiros
- que são entes naturais
e máscaras mortuárias
ou personais  ( de personas )
que representam com o ator
( morto individual )
a morte social
na substituição do rosto
pela máscara da "persona" teatral :
o drama entre o ser humano e a pessoa
do indivíduo e do ente coletivo

O retrato é tragédia do ser
e do não-ser
que são a mesma coisa
e a mesma pessoa
à luz da abelha
( A luz da abelha
que quero
tanto quero
no Quero-quero
que atravessa o ar
entre o anjo azul
e o arcanjo verde
- caído, decaído há décadas no pasto
(Lustros entre gramíneas
e outros rastejantes ao rés-do-chão ) )

O retrato é uma tragédia
em um ato
e um fato
em natureza rochosa
mineral
 pinacoteca taxonomia nomenclatura binomial terminologia científica biologia botânica zoologia ornitologia

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

DIFUSA - glossário léxico lexicografia etimologia etimo

Rua pequena 
pequenina
cabe e coube na pena
do pavão ( que sou! :
Que sou eu?!...)
do faisão...
Mas meã não! :
- anã branca ao sol pálido
cálido
em seu calado
prenúncio da calada
preta na meia da noite
assombrada por trevas riscadas por coriscos
coruscantes
e ribombos no bombo
tambores
desenhando senóides no vento
( As ondas senoidais são o balanço geométrico
Euclides dançante
em corpo de baile
com a dança que balança
e embala
a água e o ar
na corrente eletromagnética
mudando e movendo o espaço
com um dos atributos do tempo
que é o movimento
- motor matemático
na equação literal comunicada
na análise da parábola cartesiana
que dança e canta e dana-se em parábolas!....:
- sem Jesus!!!
Dança é música de Musa em silêncio profundo e longo
- longo gongo!
cujo duo de voz é a melodia e o silêncio
- algébrico silêncio abacial )

A rua com seu casario
vinha de praça com estátua equestre
de presidente egresso do império de barbas
que errava pelo império de Dom Pedro
e rastejava qual quadrúpede
bêbada em tropelias
até uma velha ao cabo da vassoura do vento
- uma velha construção cor cinza-diabos
na pintura do tempo em corpo tatuado de lagarto
aonde funcionara uma indústria
aos pés e passos da linha férrea
e que ficara com inscrição em latim
ao frontispício
depois que abrigara uma academia de ginástica aeróbica
porque não tinha química para ser anaeróbica
respirando por bactérias
( Construindo e desconstruindo a alvenaria negra
lacertídeos que emprestavam matéria
às paredes do galpão
que se constituía em corpo desses lagartos negros cinzas-diabos
ao se cruzarem num ponto de tricô ou croché
da velhinha-do-tempo
que os tecia em uma mantilha
um agasalho ou um sapatinho de bebê )

De um a outro lado da rua
as casas cochichavam
brancas amarelas azuis...
( quatro casas a barlavento da lua
e seis a sotavento do sol )
e cochilavam à noite
remexendo-se na insônia
que não cabia no leito
por causa de um beijo
fora do tempo e do espaço
- ósculo de amantes

livre do mal da bruxa
da maldição da feiticeira
que não pode macular 
o imaculado coração de Maria
que bate o martelo no peito da bem-amada
( Aquele beijo
Oh! aquele beijo delicado!
mui apaixonado!
metade sonho ou a meio ou em meio ao sono
mixórdia de matéria e energia de sono e sonho
onírico e real
ou a um passo do real
- aquele beijo que nunca nos selou os lábios de carne!
vindo direto nos lábios dela
no escuro da câmara
subjugando-nos no enrosco serpentino do silêncio
- beijo de lábios colados...
Ah! inesquecível amplexo de Íncubo e Súcubo
ainda que irrealizado
ou semi-realizado entre o surreal e o real
que perdura dentro da alma
ou das duas almas
que  o quiseram realizar
todavia não o puderam expressar
fora do entre-sono
entre-sonho
que selaram os lábios ali
para sempre
entre o que é sonho e vigília
matéria e energia
Contudo o beijo veio dos lábios da amada real
em natureza física composta
separada de mim apenas pela barra da alva
as penas da garça
e a flor de laranjeira
na guirlanda de noiva
cujo nome está escrito
no paul em que vi a saracura
saracotear-se
em toda a minha poesia
( Minha poesia é uma linguagem
toda  voltada para dentro
que lambe com a língua
o que está no fundo do favo
e  traz à baila
o mel da melhor abelha
retirado do néctar da flor
que preconiza o fruto
a boca e os dentes e a fruta
- o metabolismo, enfim! ))

A idade da rua é a idade da cidade idosa
dos idos do século
com ordens seculares e regulares
ordens para suprir o tempo
e regras para se isolar do tempo
nos claustros dos mosteiros
nas abadias
sob regras
severas regras de São Bento Abade
a tirar o  mosteiro e o monge do mundo temporal
substituindo tempo por regras pétreas
( O que teia aquele tempo
é a teia de aranha
- teia da vida
que telha a dor moral
advinda do social
pela ciência do antropólogo traduzida
em signos e símbolos
que a expressa )

Em menina descalça na monja carmelita
a rua em criança no tempo
devia atravessar-se
nos jogos lúdicos
correndo de um lado a outro da rua
branca rua com cara de lua
branca do branco da nuvem
e da graça da garça refletindo o gládio de luz do sol nas penas
Branco ou alvo garça
do pote da torrente do São Francisco
rio para potes de gerações de homens e ervas
arbustos animais e árvores frondosas 
ter aonde beber
outrossim nas gotas de rocio
no ponto do orvalho
que tecia e guardava um par de sapatos de lã
do bebê que viria em mim
na manhã da outra manhã
ou na madrugada gélida
com vento nas ventas dos moinhos de vento da Holanda
com Van Gogh ainda juvenil
longe plagas da literatura védica
da pintura impressionista e expressionista...
( Quando se é mui jovem
a literatura védica parece distante
- no passo em que pisam as estrelas
longe do burburinho quotidiano 
ela paira sobranceira no espaço sideral
porém com a maturidade e a erudição
acha-se os Vedas no sebo da esquina
em suas garatujas originárias 
O recém-nascido nada sabe do sânscrito
conquanto cante o canto dos Vedas
em seu pranto  
com seu aparelho fonador)

Por um lado da ruazinha mansa e pacata
subia-se lentamente à casa de Rachel
- a "Dona Rachel" de andar algo fleumático
mulher em lipídios
tecido adiposo
onde não pousa a mariposa
de voo piloto na chuça da chuva em chuço sem rebuço
e do vento que ali passava
entre corredores
(  O vento é um corredor olímpico
atleta tetra
no corredor das borboletas
abertas as aletas
alertas no planador
que flutua em flor branca
do ar ao solo
calçados por ervas )

No princípio da rua
casa roxa com alpendre
olhava das janelas para o portão
- roxa casa enroscada na glória matutina
a soprar trombetas lilases
e indo índigo plantar
um bem de raiz
- a anileira!
Indo ainda ao indígena indigente
sem sinal ou som de língua indo-européia
assim como fui também indo índico
pelo caminho do índio e do hindu
com meus versos em trovas
com ovas de peixe
escritos com sumo de limão
no verso anverso do universo
versados em mamão à mão do violão
versejados por versejadores tais e quais
cheios de tantos ais!
na metragem metralha 
esparsa no espaço esparso da tralha...
- ou da gralha grelha galha palha...
Valha-me Deus!... )

No fim da rua
a casa do poeta
ficara com o legado do suicídio
Calçada alta
timbrava a solidão
com o brasão da morte do poeta
que se suicidou
Era um homem de sobrenome Quinaud
senhor de versos versus o mundo
( versado no mundo erudito?! )
com poesia escrita no sumo do limão
no infinito invisível
de uma noite negra e apagada de qualquer luz difusa
até no túnel ou labirinto do sonho
Nunca li um ceitil
nem um til
de sua poesia febril
- poesia para miosótis e sopros de jasmim
e outras flores de sopro perfumado ao vento de escotilha
que vinha na vinha de voz de minha mãe
em gavinhas e uvas no caramanchão ou pérgola
( Minha mãe é quem me falara do poeta suicida
porquanto amava a alma dos poetas
que para ela era um poeta
dentro de outro poeta
numa sucessão de poetas individuais
imbricados no mito de barro e papiro
das águas do pote com peixe de Jesus e discípulos
que era o rio São Francisco
de cachoeira em cachos cantantes
sem a planta do papiro
- Mãe, que se casara com um homem pragmático,
insosso
sem chão na poesia
sem escabelo na arte da erva
arraigado aos vegetais da cerveja
envasada na indústria de silêncio em flor de campo
da deusa Ceres
a senhora dos cereais
maltados ou naturais)

Uma noite
sono em plenilúnio
sonho com novilúnio
em plena travessia pelo onírico
- para o lírico do lírio na lira
entrei pela porta da frente de uma casa daquela rua
e ao sair pelos fundos
abrindo uma porta de madeira
- estava na China comunista!

Rua, ruazinha, travessa, viela... 
 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CONTURBADO - glossário léxico lexicografia etimologia etimo

Todo sistema filosófico ou científico é um sistema de crenças; aliás, mais : todo sistema é um sistema de crenças, crendices. Não há sistema que sobreviva sem a crença depositada nele, nos seus métodos, objetos, conhecimento, etc. O sistema é o ser humano esfacelado ou alienado no intelecto, isento de sentimento, ao menos em tese, pois o homem não pode se livrar  do sentimento, mas a razão sim.
Sistemas de terapias como a medicina natural e a alopata 
( alopatia), ou tradicional, no mundo ocidental, bem como  as terapias alternativas, dentre elas a homeopatia, não passam de sistemas de crenças, comungam fé. O mesmo se dá com as dietas ou regimes, por assim dizer. São sistemas fundados em crenças, dentre inúmeros outros sistemas assim assentados  : dieta vegana, macrobiótica... os regimes políticos, que são essas dietas na expressão social ou política; daí "regimes" ser expressão para designar forma racional de alimentação ou de constituição sócio-política.
Há política em qualquer comunidade ou comunicação entre dois seres humanos ou animais e, mesmo entre vegetais, que porfiam por espaço, que significa tempo  ( tempo de vida ou espaço para respirar, processar a clorofila, viver, enfim: isso também é política ), há espaço para muita política subindo as raízes do campo e do vale : é a política da fauna e flora, imprimida pelos seres vivos do bioma, inobservada, despercebida, sub-reptícia,  subindo e descendo pelos caules, hastes, troncos, outras tantas escadas de Jacó invisíveis aos olhos com tampão dos piratas, que só iluminam um lado magro do espaço.
O mesmo ocorre em relação à Yoga, Pilates, Reiki, cromoterapia, acupuntura, radiestesia, dentre outros sistemas de terapias alternativas ou oficiais, com ou sem a chancela do estado ou do tempo em voga. Isso sem se falar nas panacéias,  que funcionam  através do mito arraigados nas cabeças humanas em todas as épocas, porquanto tal mito ( o mito de panacéia, do elixir  da longa vida, que só existe no universo sentimental, o qual exprime e vem a imprimir desejos profundos, arraigados, avoengos, atávicos) vem  represar  e liberar, concomitantemente, uma carga poderosa de aspirações imediatas e miraculosas e sempre urgentes, as quais são parte do mundo onírico a sobreviver na vigília do enfermo sofrido ou do homem em seu quotidiano sempre incerto, conquanto o mito faça desse cotidiano algo líquido e certo, esquecendo que a qualquer momento pode sobrevir a morte ou outras desgraças que grassam.
Tudo no pensamento e práxis do ser humano são meras crenças, belos mitos ( poesias a caminho do esteta que as saboreia ), lendas bombásticas; enfim, sistemas montados para consolo do doente que, inobstante tudo parecer inócuo nas terapias e remédios,  se cura, produz energia curativa graças ao estado da fé ao qual é guidado pela necessidade premente de sobrevida. As crenças, os sistemas de crenças,  carreiam muito poder e energia vital  aos sistemas de terapias
( medicina, religião, psicologia) e vêm mitigar a ansiedade do ser humano, pois o homem quer sempre estar pleno, física e mentalmente, porém nunca se considera tal, está sempre a buscar mais e a demonstrar insatisfação com o presente, quer seja ele bom, agradável ou ruim de todo. Raro o momento no tempo corrente que não incomode o ser humano no seu afã de excedente.Excedente de riqueza, de beleza, de bem-estar, de amor, etc.
Entrementes, as técnicas são válidas, enfrentam a efetividade, e,  ainda que usando de uma dose de  xamanismo de outro naipe, um "xamanismo" ritual ( técnicas são também ritos ou conjuntos de ritos que possibilitam a um resultado, ou ao mesmo resultado sempre que os objetos e demais elementos utilizados forem os mesmos ou similares;   são aptas para levar a graça e o poder  da graça espargida pelas mãos em prece e  louvor à vida do fazer, do fabricar, do industrializar, que, enfim, leva aos bens ou artefatos,  que a os homens em sociedade produzem e põe a circular no mercado que têm de fato; sem ela, a técnica,  os os bens ou artefactos perdem em qualidade ou nada são  senão entes da natureza em estado bruto, como o ouro ou o diamante não lapidado.Tais aparatos técnicos que tornam a ciência útil e prática são veículos da práxis, da práxis que acompanha as técnicas, e sem as quais ( as práxis!) as técnicas não seriam senão gestos mecânicos, infecundos, vanidades. É a práxis que possibilita a realização do evento ( técnico, miraculoso, espetacular ) e o descortinamento de  outros sentidos humanos, que não  os comezinhos.
A práxis é desenhada num conceito e contexto que enfatiza o ato ou atitude do ser humano; atitude essa  não repetitiva, como sói ocorrer com a técnica, atitude mental, operação intelectual fria fundada na concatenação "morta" das operações do intelecto,  sem emoção, matemática, dentro do âmbito de um pura e refinada linguagem estérica do conhecimento de época ( esotérica no sentido aristotélico) ; a práxis não vem, pois, não em salvas, porém livre, por vezes desconexa, e surge no horizonte da oportunidade (oportuna ), com carga  conotativa vigorosa, vital, em linguagem-linguística, para-palavras sentidas e sensíveis na poesia e outras formas de práxis escritas, retiradas da vida humana, que põe atos vitais, posteriormente, como fatos registrados, consubstanciando a memória para a práxis. Difere substancialmente  da técnica, que é outra concepção desenhada, a qual apresenta atos repetitivos, voltados a objetos ou a fabricar artefatos, produzir modificando o corpo dos objetos em mãos e mentes. 
O pensamento carece da práxis para se complementar, para ser um ser efetivo ; sem a práxis não há humanidade, pois o pensamento se torna alienado nas instituições e acrítico. A racionalidade inclina-se, então, para a loucura ou a moira grega. O direito e a política não abrigam qualquer laivo de práxis, são meros fatos que dominam o ser humano e que o homem não é capaz de controlar, porquanto são entes sociais e "sobrevivem" sem a intervenção do indivíduo ; nascem do espírito coletivo, são seus efeitos. Aqueles que poderiam, talvez, colocar uma forma ( norma?! ) de práxis na política e no direito são indivíduos que, em geral, não tem práxis algumas, mas apenas discursos ocos, demagógicos, baseados no erro e no interesse : políticos e a juristas. Daí não haver quase nada que seja mais desumano e cruel que o direito e a política, ambos instintos animais racionalizados até onde for possível racionalizá-los, ou seja, até onde não sejam atingidos minimamente os interesses ignóbeis dos que detêm o poder político e que fazem as leis e o direito : os membros dos três poderes que disputam o butim do bútio. Política e direito são instrumentos de dominação e de suplício do estado e, infelizmente, o preço de se conviver custa a condenação à prisão social sob grade e grilhões de regras da sociedade, de cada indivíduo,  em detrimento de cada indivíduo, e a liberdade absoluta da minoria em comando, no auge do poder político e econômico que determina tudo o mais, que infla a sociedade e curva a cultura até a subserviência dos cientistas e outros profissionais da técnica. A salvação está na arte, na poesia e na filosofia, que continua renitente a questionar e não aceita a norma de rebanho colocada pelos leões e lobos em alcateia. Nas sociedades humanas tudo é políticas e direitos, esses dois déspotas de um estado sempre totalitário ainda que impensado e impensado tal mesmo por muitos poetas ( artistas) e filósofos ( pensadores livres).Vide Guernica de Pablo Picasso, que retrata a política e o direito, no que são de fato quando nus e sem rebuços.Pinacoteca.
A técnica  é denotativa, não traz o elemento humano completo do sentimento e razão, essa anatomia e fisiologia da mente e do corpo,  funda-se tão-somente na razão, o que em si é desumano e alienante;  apresenta-se, outrossim,  em linguagens matemáticas de equações e expressões aritméticas e algébricas, as quais trazem em sua concepção para o desenho um tipo de "nous" para a função do número, ou numeral, que é o objeto dessa inteligência do cosmos e do homem, pois o "Nous" é uma inteligência reflexa do cosmos e do homem ( uma inteligência-Narciso ou narcisista ), inteligencia que se reflete mutuamente no cosmos e no ser humano como sabedoria e conhecimento, tendendo a unificar-se, ou seja, tornar-se apenas sabedoria, pois o conhecimento ou erudição não passa do registro imperfeito e ligeiro da sabedoria que perpassa cada fato mínimo produzido em natureza .
Esta inteligência ou "Nous" do número, ou da quantidade ( a quantidade enquanto percepção a imbricar práxis e técnica ) está no traço  e na figura geométrica mínima,  e nas linguagens-matemáticas-simbólicas e linguagens-linguísticas, conforme o objeto da "inteligencia" ( "Nous") venha a ser para quantidade ou qualidade ( representada pelo conceito de número e seus símbolos e signos abertos nos sentidos vetores, escalares sensíveis à mensuração ou insensíveis à mensuração dos sentidos e possível somente de alcance pelo intelecto, que extravasa o mundo sensível ao infinito matemático ( todo o sentido do universo da linguagem matemática está no infinito, no eterno e no nada : o zero enquanto noção puramente intelectual, imperceptível ao senso comum) ,  ou pela concepção de nome com seus respectivos signos e símbolos fechados em significado); linguagens estas que servem a filósofos e cientistas, poetas e religiosos, místicos e homens de práxis ( ou da práticas, que diferem do homem de práxis), os quais , (todos!),  têm o número e o nome como objetos originários e originados no "Nous" ( inteligência ) : no "Nous-reflexo", reciprocado no cosmos e no homem : o eterno e infinito mito do Narciso olhando seu reflexo à lâmina d'água. O homem é a forte expressão de Narciso ou do mito assim posto vegetal e animal e humano, na poesia da qual se reveste.
Na concepção desenhada para a técnica, com números e figuras matemáticas, o "Nous" é denotativo; na concepção para a conceituação da práxis, ocorre indelevelmente a marca humana e o o "Nous" reflexo ou refletido e defletido origina uma  conotação, algo inerente ao ser humano. trata-se, a conotação de uma forte carga e descarga de sentimentos e percepções que  se espraia nas atitudes humanas, ou práxis, que são os atos maiores e nas técnicas, atos menores, vinculados a objetos, artefatos ; arte menor. Inobstante, são atos complementares e suplementares a técnica e a práxis, caso contrário não se tornam políticas, mas apenas atos políticos alienados, minorados por interesses escusos, os quais se alienam do homem nas instituições do direito, e, ao invés de serví-lo, são servas das instituições, empresas, sociedades, associações , sindicatos, partidos,alienações do pensamento, o pensamento posto ( em-ser ou em-ser-raiz e matriz humana ) no mundo sem retorno crítico, porquanto o retorno crítico somente vem ela práxis do homem, vez que a "práxis" institucional é ma impossibilidade devido a cristalização a que tende as instituições e a ausência de pensar crítico que faz as instituições. As instituições são governos, formas de dominação política de animal-alfa e beta,  e todo governo é constituído por miríades de atos e fatos despóticos. A tirania das instituições "lavadas" em governo formam a democracia e qualquer outra forma republicana ou monárquica de governança.
Aliás, o direito usufrui inconscientemente das linguagens matemáticas ao operar com o conceito de equidade, palavra-raiz para equação: é, de certa forma, uma linguagem-matemática mitigada pela política que pervade a alma da ciência jurídica, um conhecimento conturbado por interesses brutais, resolvido na tacape, na ponta da faca. O direito é uma violência mental que se posta como ameaça clara antes de desferir o golpe fatal, indefensável. É uma forma de crucificação que o ser humano pode evitar se obedecer prontamente à ordem.
Por outro lado,  a mente não encontra a práxis, pois ela não está em seu universo anverso, sem sentidos-guias ; a mente não tem a aptidão dos sentidos, não possui sentidos, por isso é cega, surda-muda e não possui qualquer senso real, senão o senso de si, do seu universo solipsista “paralelo-geométrico”, mensurado e desenhado em Euclides, depois Descartes e outros geômetras eminentes. A mente pensa, ou seja, não está de posse da efetividade , nem na efetividade ( e sim no microcosmo do geômetra que se desenha na figuras geométricas), por isso distorce espaço e tempo e os curva à luz. Desmonta e remonta o espaço e o tempo real, efetivo, como ocorre na fecha de Zenão de Eléia. Por isso o ser humano não em como saber, mas apenas conhecer por meio de técnicas que aplica em terapia, no desenho, enfim, nas linguagens matemático-linguísticas, que alimentam a filosofia, a ciência, através dessas artes que são as linguagens, expressas e impressas em equações, discursos, desenhos, terapias, músicas, fabricação de artefatos, leis, nas engenharias e nas arquiteturas; enfim, nas várias “literaturas”: há uma literatura para as matemáticas nas equações e outras expressões aritméticas.
A ciência contempla o ser : um objeto de linguagens, com lastro em signos e símbolos humanos; a técnica é uma ação ou fazer, um ato, enfim, que divide ou partilha o tempo e o espaço com os sentidos, os quais estão focados na sabedoria presente e viva no universo, que se transmuta no unicórnio teórico.O fazer, ou ato,  é um teorema, no qual vem mesclado o ato de pensar e distorcer ao ato de agir dentro do tempo e espaço efetivo.
Os pensamentos de Newton  é melhor expresso por teoremas binomiais que por meios teoréticos ;  equacionam para mensurar o movimento em tangentes : é o pensar de um engenheiro inato, universal, um pensamento que carrega a técnica na linguagem matemática e torna a matemática o primeiro instrumento do conhecimento.Newton fabrica instrumentos intelectuais, assim como o homem primitivo das cavernas fabricavam instrumentos de pedra ou pau, dentre outros.É um pensamento sóbrio, racional, puramente racional, sem emoção, e, por isso, não sonha, jamais se permite sonhar nem sondar o onírico, porquanto é um pensamento para a vigília : cuida apenas da efetividade como sói ao engenheiro genial. Por isso não atingiu ou sucumbiu à popularidade de Einstein, que sonha, especula,  e ao sonhar e especular ganha o vulgo patético, amante do espetáculo burguês ou romano. Einstein, ao sonhar,  evoca o pensamento de Zenão, o eleata, no mover da fecha, um quadro de sonhos geométricos, que lembra os movimentos imagem a imagem do cinema. Aliás, é a geometria que faz todos os objetos de ciência, por ser sua linguagem primeva e fundamental : é a geometria que move e desenha as tangentes de Newton em senóides ou parábolas, com as quais se analisa a geometria no âmbito da realidade natural.
Freud, ao analisar o sonho, em seu teor simbólico, sua carga de simbolismo, não apaixona tanto o público, pois a análise psicanalítica tem uma frieza que queima, como toda a racionalidade expressa, e, consequentemente,  não encanta como o canto da sereia ao "público alvo"; no entanto,  sonhar com viagens no tempo, em companhia de Albert Eisntein, aquece o coração na lareira da paixão poética. Aliás a teoria das curvaturas do espaço de Einstein não passa de ser um plágio camuflado das tangentes de Newton.
Newton produz teoremas porque prova tudo o que assevera com experiências naturais, reais, efetivas, tiradas à natureza, como no caso da experimento do prisma, ao decompor as cores do espectro,  ou da lendária maçã, a qual  Newton mordeu e arrancou um pedaço com a boca de Jobs! Já Einstein cria experimentos para comprovar suas teorias, ou seja, vai da teoria à teoria construída nos instrumentos que  provam e, no paradoxo roxo,  erram por provas e nada provam, senão o que imagina prover com argumentos, fechar com linguagens.
Einstein sonha o pensamento de Newton ; faz do pensamento do filósofo natural um sonho de uma noite de verão.