sábado, 22 de dezembro de 2012

ETÉREAS(ETÉREAS!) - dicionário wikcionário wikdicionário


A escrita é uma dança com os dedos
e a mão que quer e acaricia :
- a carícia
na carestia,
na velha tia,
na hóstia, na eucaristia,
que toda tia gosta
e de mãos postas!
- posta a mesa
para o glutão
e para a comunhão
com Cristo,
nosso Senhor...
Na "Ostia Antica" Roma existia vítrea, vitrificada,  no vitral.    

A pintura outra dança
no mover da mão
a braço com o abraço
do braço com a tela...
Bela, a fricativa na boca,
sibilante,
uvulares,
labiodental...
na dança
com língua
de Sancho Pança
e Dom Quixote(Dom Quixote! :

que dom o dom de Dom Quixote!)
no mote
e no bote da serpente
enrodilhada dentro do bote rio abaixo,
a sibilar
na sibila (que sibila!),
na pitonisa,
na píton reticulada
e em Pitágoras :
agora sem Ágora).

A mão dança nos dedos
ao desenhar o arco
do triunfo
que é uma dança no papel
do arquiteto
que a passa
em contradança
ao papel papal
que nem de uma papisa
- no papiro
tem o signo
onde giro eu
- eucarionte
ontem e tresontonte
do ventre livre
ao Monte Carmelo
hoje em um monte de caramelo
ou um amontoado de machimelo
em toada doce
de iguaria sem igual
para massagear os dentes
de leite das crianças
em danças
de infante
grimpante
e bactérias
quase etéreas(etéreas!)
no lado invisível
do mundo cão pastor :
"Canis Minor",
"Canis Major"
a consonar com o céu
sem o anil vil,
metal, metálico.

O pensamento é uma "dançarina"
- uma bailarina
descrevendo senóides
pelo senos,
co-senos séculos fora.

As Três Graças de Canova,
Boticelli... : O pensamento é...
as Três Graças!
- e um bailarino
no filósofo-filólogo Nietzsche
que de ditirambo em ditirambo,
aforismo em aforismo,
até o desaforo!,
se dizia um dançarino,
porquanto salta o pensamento
aos olhos,
no caprídeo deus Pã,
desenhado, desdenhado,
e em ondas senoidais
quais peixes que tais
se acham em nado
( que nada!)
na cascata do rio São Francisco
de água santa e benta,
água com madeixas encaracoladas
pelos cabelos das sereias
e das medusas
descendo a cachoeira
que pranteia
o amor feliz
e infeliz
de minha avó,
em algum lugar
da não-Mancha( Mancha, manchego,
não mancha o manche!(Manche?!)
ou da não-Mancha,
engastada no manche da Manchúria, quiçá,
de cujo nome
prefiro olvidar-me,
ou deixar descer
ao olvido,
sem ouvir
o rio letes
a bailar no leito,
lento, silente e sem leite,
aonde vamos em descenso
a braços com o barqueiro Caronte
em barcarola funesta,
que levara Menipo,
segundo o segundo evangelho da Menipéia,
vetusto apócrifo ,
não meu, nem teu,
nem do ateu, nem do arameu,
nem de Orfeu...

A filosofia
e a poesia
é toda uma dança,
o mito em rito,
que dança é
e dança vivendo,
na mostra de saúde,
enquanto há vida...;
pois "enquanto há vida
há esperança", de dança!,
de amor!..., dizia minh'avó,
em sua fé,
antes do mundo acabar nela,
desmoronar a alma
dentro dela.
Todavia,  se há esperança,
há esperança que salve
o verde que brota
no sistema vegetal,

sistema verde
que nutre e repara a vida,

dá alma à alma... :
Sim, há  esperança que salve
e isto não é um fato,
mas um ato humano,

pois os fatos
já estão mortos
e embalsamados
sob os signos da história.

A esperança
é um ato humano;

ato este que produz  esperança :
"SPE SALVI facti sumus",
dança a carta encíclica
do papa Bento XVI
na mão e no pensamento
do santo padre :
sumo pontífice.

 

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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

MOTO CONTÍNUO(MOTO CONTÍNUO!) - verbete


Meu tio-avô tinha um carro antigo
preto, daqueles tipo manivela,
mas já sem manivela,
cujo motor fazia um ruído de gente gargarejando
com romã e água :
glute glube "gluve"
gargarejava o motor
( Será por isso que amo carros antiguados,
daqueles do tempo do dele?!)

Ele era alto, magro, moreno ao matiz  da melanina
ao "andalus" ( Al-Andalus")
dos povos de Espanha
( meu pai se dizia de Mar de Espanha!),
dos mouros, moçárabes de Granada,
contido em sua aparente frieza inacessível,
de pouca fala
não desperdiçava uma palavra,
introvertido,
calmo, frio ( frio?!), médico e homem,
tal qual meu avô,
seu irmão,
que não conheci,
não sei do temperamento,
se quente, se frio, se morno,
se extrovertido ao modo do jargão de Jung,

se, se, se...,
porque morrera num desastre de avião :
teco-teco, imagino,
quando minha mãe orçava pelos seus quinze anos!
( Por isso tenho medo de entrar em avião
e fascínio (fascínio!) por jato supersônico
rompendo a barreira do som
suspenso no ar da manhã de abril...?!
E estudei medicina desde tenra idade,
autodidata em tenra idade :
em  menino inventava remédios
para as galinhas
e operava os pés lacerados dos galináceos?!
Seria rito genético
estudar com afinco genética,
ornitologia, entomologia, psicologia...
 desde os 8 meses de idade?!
Fábio de "faber" não crê,
mas Fábio de "bio"
- "sábio".)

Morava a um filete de luar de casas
lá de casa,
nem mais quadra ou quasar.
Vivia amancebado com uma mulher gorda,
muito branca, de voz rouca,

- rouca, rouca, roufenha (roufenha!),
simplória como a glória
de um homem.

Ele me parecia velho,
mas aos quinze anos
quem não é olhado como velho pelo jovem?!
( Esta a alteridade do mancebo
com a Ancião dos anos?!...).

Devia orçar  (virar a proa do veleiro brigue

- veleiro brigue antes da arribar )
pelos cinquenta a sessenta anos,
o velho veleiro brigue.

Não sei se fora casado,
se tinha filhos;
com a mulher com quem coabitava
não os tinha.

À época eu não sabia
que ele era meu tio-avô.
Acho que quase ninguém sabia
e aqueles que tinham ciência do fato
mantinham a discrição do tempo
que fazia o ser do homem
costurado com o contexto temporal :
Costumes costurados ao homem de antanho.

Ele se estabelecera num consultório,
que era uma antiga vivenda,
frente à praça da Matriz
onde havia uma escultura de Cristo
toda branca de  lua no meio dia,
parecendo lua pintada da "cor" de nuvem branca...
a alguns passos do paço do cais,
que era um mirante para a areia alva,
duas rochas no meio à correnteza
de um rio santo igual a São Francisco de Assis
abençoando a terra boa
de homens ruinosos,
a cobra "mboa", no tupi dos tupis,
guaranis guapos, guaranás, ananás;
serpente constritora
que do tupi "mboa"
migrou para o português na palavra jibóia :
uma canoa com canoeiros à margem do rio santarrão
e da economia marginal.


( A memória é "um" fantasma

em revisitação a outros fantasmas...

camaradas!(camardas?), companheiros... 

...Vinha pelo caminho que vinha vendo

descendo a rua longa que via (que via!: Ápia.)

que dá no mercado municipal  

de onde subi muitas vezes bem bêbado

anos depois deste fato enfático

quando no passo do terreno baldio

onde as mangueiras em fina flor

para abelhas não-rainhas  

quando, casualmente, vim a defecar na calça curta

de menino que voltava da escola.

Fui direto à casa de "vovó"

porque lá sabia

que não haveria reprimenda, admoestação,

mas apenas compreensão,

cuidado e um amor infinitesimal

muito bom , que muita bem fazia...

Por isso sinto a falta dela,

até hoje sempre-viva  

- saudade escrita por poeta português :

o fantasma da minh avó materna

ainda cuida de mim no berço

que ela balança e canta

- uma cantilena para dormir! 

-Minh'avó era minh'alma

e a alma de minha mãe :

interligadas almas

no corpo de Cristo em eucaristia!
 
Quando eu ia ao consultório

(consistório? - consistório!),
do meu tio-avô,
em companhia de minha avó
ele sempre a tratava com desvelo
infinita paciência para com os seus choramingas de viúva
( Viúva de Sarepta!)
e quando ela emitia seus queixumes
sobre as dores que afligiam
todas as Marias das Dores,
suplicando por remédios
ele dizia : não é nada, Mariinha!"

(Qual o nome da rosa?!

- para mim este era o nome da rosa!...;

hoje a nomenclatura binomial

não trata da rosa,

mas do cinamomo, digo :

"Cinnamomum cassia"

(quando grafo "Cassia"

não digo: "amor!"

porque ao falar ou grafar

já tenho atitude de amor,

que é mais que palavra pode rezar

ou legar em lei ("lex"!);

ao grafar e dizer "Cássia"

já amo a botânica(bota a bota na botânica!)

e a mulher plantada

na minh'alma "vera", veraz!

Geoglifo : 'Cássia" para "Cinnamomum cassia".)
e hieroglifo"cinnamomum aromaticum",

fora do verbete para rosáceas :

"...rosarum" de rum.  ) 

Depois da consulta

quão aliviada parecia minh'avó!

Saía "avos" aliviada da pena pesada 

que se impunha indevidamente.
Penosa carga,cruz lastimosa, lacrimosa (lacrimosa!)
de todos os Cristos que somos.

Outrossim, quando a moléstia era comigo,
olhava-me com uns olhos estranhos
de quem tinha caminhado ao meu lado
por toda uma vida antepassada
na estrada da genética(genética?!...)
e conquanto aos ritos(que ritos!?...) nos olhos
não acompanhassem o corpo
por causo do autodomínio
de um homem de cérebro gelado
e gestos contidos,
o olhar cumpria todos os ritos
de um zeloso e preocupado tio-avô
que, não obstante,
nem a palavra me dirigia,
embora me atendesse
antes de todos
que já estavam no consultório,
ainda que seu fosse o último a chegar
e o recinto estivesse cheio de pacientes.

Minha avó morava meio filete de sol
do consultório dele
mais perto dos pés descalços
do santo rio carmelita descalço
ande o profeta João
batizou muita gente
no tempo mítico
que é o pretérito
contado em fadas e duendes, elfos, sacis, lobisomens...
"muares" sem cabeça (mulas-sem-cabeça!).

Minha avó morava numa casa simples,
digna de atender à pobreza do santo de Assis,
que ali podia por embaixo a cabeça
com o chapéu de telha-vã.

Meu avô sempre marcava encontro com ela
na bela praça
que dava de olhos para o rio
cheio de amor com odor de peixes.
Até a água traz o cheiro do peixe em escamas
nas camadas do corpo-sereia.

Quando eles se encontravam
minha mãe, então com suas quinze primaveras,
estava presente.
Ele a tratava como filha que era e é
( verbo tem voz no presente,
mas guarda voz mnemônica
e imaginada para futuro sol).

A paixão do amor entre eles
é a mesma que emerge
em qualquer casal
preso à essa energia
que o corpo tem a despender
prodigalizando o melhor de si
na música que é a arte da vida
desde o soprar e puxar um oboé do vento

( do pulmão, do fole do vento!)
como instrumento de sopro
que dá o prazer de amar.
A arte é a felicidade física-química-elétrica
no corpo sadio
que pode se dar ao luxo do amor.
O amor é um esbanjamento de energia vital :
a maior riqueza,
a fortuna de ter vida plena a prodigalizar.

Quando meu avô morreu tragicamente
ele já havia acertado com minha avó
as bodas que teriam
se a morte não fizesse a travessia
pela metade do caminho
que não os separava
um Romeu e outra Julieta
que dormitavam na poética
escrita para eles, entre enamorados,
no sagrado livro do poeta santo.

Meu avô ainda era casado com outra,
mas minha avó não entrou no velório
como "a outra",
mas sim como esposa
separada pela morte
não do cônjuge,
mas do esponsais,
das bodas adventícias
marcadas para um tempo
que não existiu
ou deixou de existir com o finado corpo,
a finada energia do meu antepassado.

( O corpo é um acúmulo de energia,
uma armazém de vida,
que se consume rapidamente
quando  coração se desespera na corda,
dá corda na corda bamba,
bate desesperado para salvar a vida
e acaba por gastar toda a energia
nesta tentativa de sobrevida:
o organismo é uma fábrica de energia em produtos
e o depósito dessa energia em massa
a ser distribuído pela economia da vida).

 Os mortos estão vivos
- "in core"("in core, in core"!)
estão ativos no teatro mnemônico
e continuam com seu livre-arbítrio aberto,
ignorando os loucos polígrafos
que pensam que sabem pensar
porque sabem escrever com engenho e arte
à Camões, Luiz Vaz, "Os Lusíadas".

Não me lembra
a morte de meu tio-avô;
jamais tive notícia dessa morte,
senão num nome de avenida
em memória dele,
"in memoria Dei".
Mas se tem algo "in memoriam"
é porque ele morreu.

Não sei se ele era dos guelfos
ou dos gibelinos;
devia ter seu merlão gibelino

nas suas fortificações
ou estar nas crônicas da família guelfa,
mas nunca esteve em guerra :
só consigo, talvez.

Para mim meu tio-avô
continua vivo
com sua mulher e seu carro antiguíssimo
sua face serena, trigueira,
porque o que matou ele
foi o nome de rua,
mas não o nome da rosa
- da rosa que ele amava...
e ama!, porque é obra de Deus,
não obra do deus Cronos :
o amor é imperecível,
intangível, infungível,
sem fusível
que possa apagar a luz do sol
num céu solar ou lunar.


Assim li, revisitei e escrevi

o que vi e cri

do cricilar do grilo ouvido

e incomodando o ouvido,

batendo o martelo na bigorna(bigorna!),

ó ferreiro dos deuses!: Vulcano.

Uma história é assim

sempre para trás dos anos

com um pé atrás 

dos Montes Urais

(Urrais atrás dos Montres Urais?!),

por isso não arrolei os nomes das vítimas

- vitimadas pela vida 

e pela morte

que morde o corpo

pouco e pouco;

apenas e com pena na pena

( que pena!, nem é mais pena de pavão!?...

nem mata-borrão tem!)

conto uma estória 

que passa pela história

lambe  a lenda

em seus sais minerais

e o mito que canta na tragédia

a tragetória das personagens:

todos deuses e heróis!,

conquanto finjam no teatro

que são apenas frágeis seres humanos...    

Uma história que sempre está

Trás-os-Montes,

trás-os-motes,

tresontonte...

e narra o encontro inenarrável

da rosa e do cravo       

em meio aos escravos e ex-escravos

que não cravo com o cravo

em que pregaram Jesus à Cruz romana

porque somos todos

e estamos todos

- com Jesus na cruz 

da vida e da morte.  

 

Não há mote(mote!)
para a morte;   

quanto à vida...:
- a vida é moto contínuo (moto contínuo!),
"perpetuum mobile"...   

 http://scienceblogs.com.br/hypercubic/files/2012/08/ford-model-t-1908.jpg
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sábado, 1 de dezembro de 2012

CRÔNICAS(CRÔNICAS!) - etimologia etimo

Meu tio-avô tinha um carro antigo
preto, daqueles tipo manivela,
mas já sem manivela (manivela!),
cujo motor fazia um ruído de gente gargarejando
com romã e água :
glute glube "gluve"
gargarejava o motor
( Será por isso que amo carros antiguados,
daqueles do tempo do dele?!)

Ele era alto, magro, moreno ao matiz  da melanina
ao "andalus" ( Al-Andalus")
dos povos de Espanha
( meu pai se dizia de Mar de Espanha!),
dos mouros, moçárabes de Granada,
contido em sua aparente frieza inacessível,
de pouca fala
não desperdiçava uma palavra,
introvertido,
calmo, frio ( frio?!) médico e homem
tal qual meu avô,
seu irmão,
que não conheci,
não sei do temperamento,
se quente, se frio, se morno,
se extrovertido ao modo do jargão de Jung,
porque morrera num desastre de avião :
teco-teco, imagino,
quando minha mãe orçava pelos seus quinze anos!
( Por isso tenho medo de entrar em avião
e fascínio por jato supersônico
rompendo a barreira do som
suspenso no ar da manhã de abril...?!
E estudei medicina desde tenra idade,
autodidata (autodidata!),
e em  menino inventava remédios
para as galinhas
e operava os pés lacerados dos galináceos?!
Seria rito genético
estudar com afinco genética,
ornitologia, entomologia, psicologia...
 desde os 8 meses de idade?!
Fábio de "faber" não crê,
mas Fábio de "bio"
- "sábio".)

Morava a um filete de luar de casas
lá de casa,
nem mais quadra ou quasar.
Vivia amancebado com uma mulher gorda,
muito branca, de voz roufenha,
simplória como a glória
de um homem.

Ele me parecia velho,
mas aos quinze anos
quem não é olhado como velho pelo jovem?!
( Esta a alteridade do mancebo
com a Ancião dos anos?!...).

Devia orçar  (virar a proa do veleiro brigue

- veleiro brigue antes da arribar )
pelos cinquenta a sessenta anos,
o velho veleiro brigue.

Não sei se fora casado,
se tinha filhos;
com a mulher com quem coabitava
não os tinha.

À época eu não sabia
que ele era meu tio-avô.
Acho que quase ninguém sabia
e aqueles que tinham ciência do fato
mantinham a discrição do tempo
que fazia o ser do homem
costurado com o contexto temporal :
Costumes costurados ao homem de antanho.

Ele se estabelecera num consultório,
que era uma antiga vivenda,
frente à praça da Matriz
onde havia uma escultura de Cristo
toda branca de  lua no meio dia,
parecendo lua pintada da "cor" de nuvem branca...
a alguns passos do paço do caís,
que era um mirante para a areia alva,
duas rochas no meio à correnteza
de um rio santo igual a São francisco de Assis
abençoando a terra boa
de homens ruinosos,
a cobra "mboa", no tupi dos tupis,
guaranis guapos, guaranás, ananás;
serpente constritora
que do tupi "mboa"
migrou para o português na palavra jibóia :
uma canoa com canoeiros à margem do rio santarrão
e da economia marginal.

Quando eu ia ao consultório dele
na companhia de minha avó
ele sempre a tratava com desvelo
infinita paciência para com os seus choramingas de viúva
( Viúva de Sarepta!)
e quando ela emitia seus queixumes
sobre as dores que afligiam
todas as Marias das Dores,
suplicando por remédios
ele dizia : não é nada, Mariinha!"

(Qual o nome da rosa?!
- para mim este era o nome da rosa!...) 
Depois da consulta
quão aliviada ela parecia!
Saía aliviada da pena pesada 
que se impunha indevidamente.
Penosa carga,cruz lastimosa
de todos os Cristos que somos.

Outrossim, quando a moléstia era comigo,
olhava-me com uns olhos estranhos
de quem tinha caminhado ao meu lado
por toda uma vida antepassada
na estrada da genética
e conquanto aos ritos dos olhos
não acompanhassem o corpo
por causo do autodomínio
de um homem de cérebro gelado
e gestos contidos,
o olhar cumpria todos os ritos
de um zeloso e preocupado tio-avô
que, não obstante,
nem a palavra me dirigia,
embora me atendesse
antes de todos
que já estavam no consultório,
ainda que seu fosse o último a chegar
e o recinto estivesse cheio de pacientes.

Minha avó morava meio filete de sol
do consultório dele
mais perto dos pés descalços
do santo rio carmelita descalço
ande o profeta João
batizou muita gente
no tempo mítico
que é o pretérito
contado em fadas e duendes, elfos, sacis, lobisomens...
"muares" sem cabeça (mulas-sem-cabeça!).

Minha avó morava numa casa simples,
digna de atender à pobreza do santo de Assis,
que ali podia por embaixo a cabeça
com o chapéu de telha-vã.

Meu avô sempre marcava encontro com ela
na bela praça
que dava de olhos para o rio
cheio de amor com odor de peixes.
Até a água traz o cheiro do peixe em escamas
nas camadas do corpo-sereia.

Quando eles se encontravam
minha mãe, então com suas quinze primaveras,
estava presente.
Ele a tratava como filha que era e é
( verbo tem voz no presente,
mas guarda voz mnemônica
e imaginada para futuro sol).

A paixão do amor entre eles
é a mesma que emerge
em qualquer casal
preso à essa energia
que o corpo tem a despender
prodigalizando o melhor de si
na música que é a arte da vida
desde o soprar e puxar um oboé do vento
como instrumento de sopro
que dá o prazer de amar.
A arte é a felicidade física-química-elétrica
no corpo sadio
que pode se dar ao luxo do amor.
O amor é um esbanjamento de energia vital :
a maior riqueza,
a fortuna de ter vida plena a prodigalizar.

Quando meu avô morreu tragicamente
ele já havia acertado com minha avó
as bodas que teriam
se a morte não fizesse a travessia
pela metade do caminho
que não os separava
um Romeu e outra Julieta
que dormitavam na poética
escrita para eles, entre enamorados,
no sagrado livro do poeta santo.

Meu avô ainda era casado com outra,
mas minha avó não entrou no velório
como "a outra",
mas sim como esposa
separada pela morte
não do cônjuge,
mas do esponsais,
das bodas adventícias
marcadas para um tempo
que não existiu
ou deixou de existir com o finado corpo,
a finada energia do meu antepassado.

( O corpo é um acúmulo de energia,
uma armazém de vida,
que se consume rapidamente
quando  coração se desespera na corda,
dá corda na corda bamba,
bate desesperado para salvar a vida
e acaba por gastar toda a energia
nesta tentativa de sobrevida:
o organismo é uma fábrica de energia em produtos
e o depósito dessa energia em massa
a ser distribuído pela economia da vida).

 Os mortos estão vivos
- "in core"("in core, in core"!)
estão ativos no teatro mnemônico
e continuam com seu livre-arbítrio aberto,
ignorando os loucos polígrafos (polígrafos!)
que pensam que sabem pensar
porque sabem escrever com engenho e arte
à Camões, Luiz Vaz, "Os Lusíadas".

Não me lembra
a morte de meu tio-avô;
jamais tive notícia dessa morte,
senão num nome de avenida
em memória dele,
"in memoria Dei".
Mas se tem algo "in memoriam"
é porque ele morreu.

Não sei se ele era dos guelfos(guelfos!)
ou dos gibelinos;
devia ter seu merlão gibelino
nas suas fortificações
ou estar nas crônicas(crônicas!) da família guelfa,
mas nunca esteve em guerra :
só consigo, talvez.

Para mim meu tio-avô
continua vivo
com sua mulher e seu carro antiguíssimo
sua face serena, trigueira,
porque o que matou ele
foi o nome de rua,
mas não o nome da rosa
- da rosa que ele amava...
e ama!, porque é obra de Deus,
não obra do deus Cronos :
o amor é imperecível,
intangível, infungível,
sem fusível
que possa apagar a luz do sol
num céu solar ou lunar.

 http://scienceblogs.com.br/hypercubic/files/2012/08/ford-model-t-1908.jpg
dicionario filosofico etimologico etimologia etimo dicionario onomastico juridico cientifico terminologia cientifica nomenclatura binomial wikcionario wikdicionario enciclopedia delta barsa vida obra bigrafia pinacoteca  opus dei guelfos guelfa gibelinos verbete glossario lexico lexicografia historia merlao tio-avo avo avo carro antigo ford mod t 1908 4 cyl

domingo, 11 de novembro de 2012

OCEANO - pacífico glossário


Mister (é) inventar a paz
ou descobrí-la lá onde brilha e canta :
descobrí-la no colibri, lá na brisa,
cobrí-la na aragem natural
que corre mundo
até onde vai o mundo
e chega ao fim-do-mundo
para o indivíduo duo,
- dual em dueto;
solista, solipsista
ou em coro angélico no cantochão,
a consonar com a paz
anagógica na figura da pomba cubista de Picasso,
tonante na caixa de ressonância do violão,
em bandos de banjos
à mão ( às macheias!) e nos dedos dos anjos,
anjos-dáctilos ...
que dedilham banjos anchos...
- por Júpiter...! Capitolino,
no monte com mote do deus
em tempo e templo Capitólio,
no teatro, anfiteatro, município
das minas gerais do pobre Aphonsus
a ouvir os responsos dos sinos
em ais nas catedrais drásticas
nas atitudes dos gárgulas em Notre-Dame...

( Ah! há a paz nos vegetais, deveras...
Aloé, Cássia! : "Aloe vera! ).

Mas mais: e muito mais e mas
para maior glória da paz
e "ad majorem Dei gloriam" ,
cujo acrônimo é AMDG
lema que frutifica em lima (laranja)
na santa Sociedade de Jesus,
sempre em companhia de Jesus
desde o basco santo Ignácio de Loyola :
paz por dentro e por fora do homem
tal qual no vitral exegético da catedral
gótica ilustrada, exegética,
em teologia lunar,
teogonia solar
e epifania de luz
de Jesus em agonia na cruz
e na luz que nada na via crucis,
"crucis" via do dia-a-dia
que nada adia
no medrar sem medo das três crucíferas
graças às três graças
e as três garças
originárias da munificência divina
e também, após o pó de Belém,
 em Canova esculpida...
- quase em vida na pedra deste outro Pigmalião!


( Oh! ò Vera,
aloé, Vera!
( "Aloe vera"),
a paz na mulher
é "vera" no latim
que late "Aloé vera"
quando nomeia a babosa
( "Aloe vera" ),
mas ama Vera, deveras,
porque a babosa é um bálsamo
e tem apenas relação plantar com a Cássia
( "Cinnamomum cassia"
ou "Cinnamomum aromaticum")
ou a acácia enfunada em flor :
a verdade do latim
e a mendacidade na mulher
em latitude latina
e atitude floral...)
Mister, ego,
ego meu, egocêntrico,
que haja preeminência da paz
ao longo e além da envergadura da asa da pomba
em dulcíssimo tatalar em voo
sobre a cabeça de Jesus recém-batizado por João
coroando com o lilás da trombeta de anjo
exuberante na glória matutina
prefigurando já na manhã sã, malsã,
um reino de amor
porquanto a paz é o mesmo que o amor
com outras nuances na palavra,
em outra acepção
e atitudes, gestos, atos humanos...:
a paz não cabe numa palavra,
numa locução verbal ou nominal,
nem em muitas frases,
nem tampouco nas orações dos livros longos e sagrados
com todos os tomos
que o mulos carregam nos lombos,
pois se assim fosse o fosso
o mar vermelho não daria passagem
sem profundo pesar do pélago
aos pés enxutos dos judeus errantes
que acorriam ao mar
que late a escarlate em policromia
mas não mia
nem tampouco mama
senão em italiano
belo idioma que chora e mama
na poesia de Tasso, passo a passo
com o calor do Vesúvio...
Se assim o fosso fosse
o Rubicão secaria ( transudaria?) os pés de César
antes da travessia e ante a travessura
que César faria
( Ou César fará?! ).

A natureza sabe e fabrica essa paz amorosa
ornada até no mel de flor de laranjeira
ou no ato do predador,
da besta atrás do alimento
e não de matar por puro ato gratuito ;
contudo, nós, humanos,
vê-la ( à paz) podemos
apenas pela vela a velar os olhos
com o véu das luzes diáfanas,
feéricas, com cores tamisadas
nos vitrais das catedrais góticas,
ou em trevas densas, pesarosas,
onde não podemos ver...
ou mesmo antes das luzes estivais e trevas espessas
no xadrez das barras do dia e da noite
a apascentar a alma com luminárias :
templo em tempo de lusco-fusco
ao sabor, a saber, amargo nas boninas,
bonitas em Anitas.

( A paz assente no belo
na beleza da alma e corpo são,
em plenilúnio de lua, sol e sal (mineral),
porquanto o corpo são produz a alma sã,
com a mente sã sumo e unguento aguento
e vice-versa enquanto o campeão, o vencedor prosa.
A mesma paz ausente
do bello gálico
porque paz não é pus ).

Quiçá juntando razão e paixão
façamos o amor brotar
nas vergônteas que brotam da paixão de Eros,
à erótica, no sensualismo do amor,
ou na erupção exuberante da paixão ágape.

( Havia a via crucis
com uma paz de pinha
na poesia inebriante, inebriada de Paul Verlaine
e do Paul dos Beatles,
besouros de ouros,
escaravelhos dos velhos hieróglifos,
insígnias, selos, cartuxos dos faraós do Egito
tais coleópteros).

Unindo amor e racionalidade
talvez possamos por,
enquanto ser alienado de nós,
o amor no mundo,
não apenas na alienação do mito,
mas como realização da práxis
- não de Marx,
nada de Marx
que sua utopia pia
fez na foz;
tampouco de romana pax
- não de Marx,
e sua entropia
que antevia aquilo que em "crucis via"
era do vozerio do profeta a via
dolorosa que havia
antes do ato em "persona"
de criar sua utopia
sem o "pathos" da criança Sofia,
que tem um pacto de amor com a paz.
 
( Paul , o grande paul,
amo o paul imenso,
profundo como o sono dos justos,
acertados em saúde;
o paul esparso em garça e saracura,
algo altas peraltas ...:
Pernaltas?!
Perna longa, perna-de-pau...
Perna de paul!)
Mister criar a paz ingente
nas gentes, urgente nos agentes,
ao invés de obnubilá-la
no lá lá lá nu do blá blá blá blau
a obnubilar a paz cá e lá.

( Cá já há a paz.
Caju lá e paz de Alá lá.
Cá...cá, lá o lá lá lá da paz
dita, maldita no maldito Modigliani
e no tio Sam, suntuoso,
ungulado na besta...: besteira!).

Paz no pacífico
oceano que ano a ano amo
sem recorrer a pacifismo
ou outra doutrina para embalar surfista em onda...:
a paz é a rainha de Nossa Senhora de Fátima!,
porém não de Lourdes,
que é minha mãe
- Maria de Lourdes
filha de Castro
e cônjuge de Gribel.
Gilson, meu pai,
meu filho
e meu espírito santo,
o consolador
que Jesus deixou
em sua imensa piedade....
e mansidão de rio doce
onde mana maná de leite e mel,
não no leito,
mas no leite que emana da fonte de Lourdes...

 
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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

BANDEIRAS - etimologia

Gostaria de deixar um filho com ela
a medrar dentro do seu paul :
Paul ou Saul ou Raul .
Um menino bem-nascido
que tenha o estro de Manuel Bandeira,
mas não desfralde(?) bandeiras
ou creia nelas
tampouco nas gestas históricas ou lendárias...
- que todas são lendárias,
mitos da pré-história
tempo de nenhuma língua na boca
ou escrita à mão de um Santo Antão,
certo santo ermitão de então,
de antanho.
Que seja antes de todo o tempo
um rei da alegria
pois quem tem alegria tem paz
e quem tem paz
esculpe a serenidade em corpo e mente,
escultora do corpo anatômico
( a mente é o corpo fisiológico
que divide o homem ao meio
com a mulher na meia )
plasma um espírito sereno
sem chapéu para apanhar de concha
o orvalho ("sereno") da madrugada
que canta no canto de Jorge Ben Jor
num pé só
porém não de saci-pererê
porquanto poderia ribombar
esse dizer
na hipocrisia estapafúrdia
do "politicamente correto"
quando quase nada,
de fato e de direito,
é politicamente correto
na política,
porquanto "pau torto que nasce torto..."
de tanto se banhar ao sol!,
clemente, inclemente...
"morre torto".
 
Uma criança que poderá
vir-a-ser um virtuose ao piano
ou um filósofo cético
sem filosofa rebuscada;
um incréu "moderado"
porque qualquer e toda crença
só traz desavença
quando não livra o espírito de pertença
antes o institui,
sopra em bolha, estatui...
pois o mundo maniqueu
entre Deus
e o diabo
é o territória da crença :
terra aflita
em conflito...

Uma criança que diga
com giga
bytes de potência:
"Sursum corda"!
aos corações dos homens ( e mulheres!)
sem corda
na rabeca;
sem acordes
- sem acordar ...

 
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terça-feira, 2 de outubro de 2012

LÍMPIDA - wikcionário


Escrever é ir de encontro à solidão
conquanto seja também fugir à solitude
( secular, regular e milenar )
ao intentar fuga impossível,
quiçá fugaz,
no estado material do gás,
assaz sem paz de ananás,
ou de animal rapaz,
da igreja o primaz
com denodo no sínodo.
Trânsfuga.
( Cidadão honorável do País das Maravilhas
com ervilhas ( "pisum sativum")
bilhas pilhas ilhas milhas da costa leste em amor este-nordeste amarelo de pintainho recém-saído do ovo bicado
quebrada a casca com aspas de aspargos por noz guardiã de amêndoa no caju, castanha...).

Andar é ir de encontro a pás
sem paz nos moinhos de vento,

( Oh! minha poesia andarilha!),

ouvindo pássaros a pipilar,
grasnar, gorjear,
mas não granjear
adeptos rectos...
em grasnido de gralha,
galha no esgalho
em toca ou nicho
onde o vento dá a volta,
faz volutas nas conchas e caracóis,
para achar em achaques
arroios de arroz ao sol e lua
eivado de achas boiando à flor d'água límpida,
com serpentes enroscadas no invisível anelado
onde o paul se espraia
preguiçoso e indolente,
lânguido tremedal,
moenda de praia
para arraia e alfaia
enquanto a deusa Aglaia
uma das três Cárites
dança no ritmo das três Graças
à oitiva em fuga da melodia de Antônio Canova.

Escrever ou ler,
é o mesmo ato,
o qual discrepa
somente no fato,
vincando um dueto
no que é unidade do ser,
sendo o ato de ler,
nada além de apalpar com os olhos,
e o escrever
gravar ou grafar o ato com a mão
ao ir ao encontro à solidão
e rir na amplidão do ermo
às gargalhadas em canta-vento,
na ermida do ermitão do monte
buscando fuga no papiro,
no papel  ou no pergaminho em rolos,
- na prensa de Gutemberg...
ou no museu do ermitão
( museu do eremita )
em contraponto polifônico
a tecer e tossir a possibilidade de fuga
pelo caminho ou rota da seda
aberta ao trânsfuga
pelo bicho-da-seda
e pela chinesa sem pelo
em cetim de chim
vestida e vertida
- numa trama hermética
com cetim roxo
ao olho de mandarim.

Andar é arrostar
arroios de arrozais
a plantar
suplantar
surrealizar
semear
selar (selá?!)
achar rota para a vespa,
marimbondo e  vespeiro
na hora vésper
em que Vênus planeja e plana no plano de um planeta
planador solitário no ar cálido
desnudo ao olho nu
no período vespertino
rumo ao país onde o gato é a lua
com uma vastidão no sorriso
do tamanho de lua falciforme
enovelada no céu feito gato
em modo de repouso
sobre os coxins de cetim
artefato de chim
em mandarim chinfrim
no país sempre das maravilhas
onde ande a fábula louca em lebre
( ao invés de louca de pedra:
louca de lebre! ),
a sátira em pé descalça
feito monja carmelita descalça
pé-ante-pé sobre a demência ideológica pueril do chapeleiro;
a rainha, vermelha do sangue das guerras das rosas,
brancas e escarlates nas roseiras espinhosas,
tudo no espelho do olhar
de uma menina meiga e eterna
que molha os olhos no arroio do não-ser senão sonho
na  mente de uma criança inocente e pura
de dois a 96 anos de existência
à sombra do idílio e das utopias pias
que a alienaram do mundo real
não-fabulista
insurreto ao surreal
dali, daqui e de acolá
que medra(!...) no chá
inglês e chinês
da vida em sociedade fabular
a satirizar a saciedade
da lagarta que fuma
e assim assume os ares de fumaça
dos homens sempre em comédia grotesca...

Todavia, Alice vê o país das maravilhas
( todos os países são países das maravilhas
dentro dos olhos límpidos de Alice! )
mergulhados em fábulas
que são águas onde o peixe-homem
(  ou homem-peixe-espada )
nada ao levante de sua nadidade
respirando através das guelras
ou brânquias
que os fabulistas fabricam
ao  bafejar da sorte
ou sortilégio sortido e sorvido
em sorvete a sorver.
Não sorvo sorgo.

( Ah!  Alice! Dulcíssima menina!
 Alice dos álamos das alas das aléias... :
Alice, ouça : todos os países se jactam maravilhosos :
entrópicos, eutrópicos, utópicos, idílicos...)

Alice não sabia
que a única maravilha
era ela que comunicava ao país
sopesado por seus olhos
- em dois arroios de rocio
da madrugada à sombra das umbelíferas
e das umbelas à mão de minha avó Maria.

A solidão de Alice
não passa ao largo
do que está na razão de três terços :
em um terço o mundo onírico refletido na vida ;
em outro terço no universo das coisas ou realidade ;
e, por fim, no terceiro terço da razão matemática
no universo paralelo da geometria euclidiana
que procede à intersecção da realidade e do realizado,
metade em Alice, que é um microcosmo,
e metade no macrocosmo,
aonde está a essência
o centauro, o fauno...
a ninfa e o deus Pã
ou Zagreu, avatar de Dioniso,
um deus com chifres
que pode evocar o bode
na religião órfica,
nos Mistérios de Elêusis,
ritos esotéricos,  apenas para iniciados,
e na tragédia grega,
que canta o bode devorado pelo titãs
no coro  dionisíaco,
rito exotérico, para o vulgo.
( de Dioniso a Eros, Pã e os sátiros,
o salto d animal ao homem
deixa entrever o medo abissal 
cortado na garganta da Cânion,
pois do coração pulsante de Zagreu
nasce Dionisío
- reencarnação do deus do vinho :
eis o fundo dos mistérios de Elêusis
e  o tema da tragedia
que versa sobre a vida e morte de Dionísio,
ou Dioniso, o deus ressuscitado
na reencarnação sempiterna do vinho
- corpo de uva e de Cristo na videira ).

Solidão e solitude
vão a pé na oitiva das palmas batidas para o vento
em dança e música com os buritis
por veredas que apertam o passo do sapato
ao encontro do espelho d'água
com a lagoa entre os coqueiros
sob chuva de marimbondos tecidos em xadrez
na feitura do corpo oblongo, longo e delgado
pela geometria da luz
- e das sombras projetadas por umbelas
pintadas por Caravaggio
ou pelo chinês em símbolo
no jogo riscado em xadrez
mensurado pela constante obtida em diâmetro
pelo "pi" radial
que dita o mal e o bem
e dista o mal do bem
para além e aquém do bem e do mal
animal ou humano.
( Em verdade, esses mistérios se referem aos seres humanos,
os únicos seres trágicos,
os filósofos com "pathos" trágico
simbolizados na linguagem da poesia :
os rituais quotidianos, comezinhos,
dos Dionísios e Alices familiares
os quais somos em essência e existência
conquanto sem ciência ou  sapiência
desta realidade mesclada com  realização
banhada por mar eclético ).

Alice no País das Maravilhas
é a constatação absoluta
da profunda solidão do ser humano
frente um mundo sem respostas
com os seres humanos
alienados em pessoas do discurso
- máscara ( "persona") e voz do teatro
soldado no "front"
amantes ou amigos sem intimidade
que não se tocam jamais
nem quando dançam
um desesperado e apaixonado flamengo
ou um tango, um samba, um bolero
de Ravel...em tempo ou ritmo "moderato assai",
com compassos em"ostinato"...

Solidão insondável
que das cavernas do sono
mergulhado no torpor, na modorra,
só vê sonho onde há realidade
- brutal e grotesca e amarga realidade
no tempo de fora do paço do espírito
- um tempo amargo de margaridas
com doudas borboletas
- doudas e "douradas" falenas
que douro no Rio Douro
em Sória,
nos campos de Sória,
( Oh! Campos de Sória
que com o poeta vai! ) ;
Campos de Castilha
no canto do poeta Antônio Machado
( Canto que é o sol sobre os campos! ).

 
Alice, enfim, sou eu invertido no espelho,
escrito ou desenhado geometricamente no espectro ;
sozinho entre coisas
errante necromante
solitário entre seres
- náufrago!

 
nomenclatura binomial  terminologia científica verbete glossário lexicografia léxico etimologia etimo wikcionário wiki wik dicionário onomástico filosófico enciclopédico etimológico jurídico enciclopédia delta barsa biografia vida obra poeta pintor pinacoteca antologia poética poesia poema livro obra-prima literatura pintura mitologia escritura taxonomia taxionomia bibliografia biblioteca bibliófilo iIIilo